A apresentação do grupo teatral Guerreiros da Arte, de Arcos, emocionou os abaeteenses e visitantes que marcaram presença na Festa de Nossa Senhora do Rosário, na tarde deste domingo, 09 de julho.
A peça relembrou o triste período da escravidão, ressaltando a forte presença de Nossa Senhora na vida e na história dos negros.
Com a presença de 31 guardas visitantes e 19 locais, toda a cidade de Abaeté se transformou em um imenso palco para o resgate de uma história de luta, conquista e libertação, num festival de cores, danças, batuques, fé, cultura e religiosidade popular.
A guarda Congo Penacho abriu a procissão, que percorreu algumas ruas e avenidas do bairro São João e centro da cidade, retornando à Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário, onde foi celebrada a Santa Missa, com bênção a todos os devotos e congadeiros.
“Sob a proteção de Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e Santa Efigênia, o canto festivo, libertador e impregnado de fé dos congadeiros e congadeiras cultua a história construída por esta gente guerreira, que não deixa morrer essa cultura tão forte, tão rica, tão viva“.
É o congado e a fé que dá sentido à vida de congadeiros, como o capitão da guarda Catupé do Pandeiro, Pedro Rodrigues da Silva. “Se eu vou na sua casa cantar e dançar, vou de coração, vou pedir à Nossa Senhora pra te cobrir com aquele manto sagrado, mostrar como ela pode transformar a sua vida”, frisa o capitão, que se emociona ao lembrar das graças que já alcançou, sobretudo em questão de saúde de um filho.
Em entrevista recente ao Nosso Jornal, Seu Pedro historiou: “Antigamente, o pessoal falava ‘dança de nego’, por causa da cultura africana. Os escravos só podiam chegar até a porta da igreja, só os brancos entravam. Então, eles ficavam de fora, naquela emoção, naquele sofrimento. Rezavam, cantavam, tocavam tambor, maracá, xique-xique, dançavam e foram levantando a bandeirinha no mastro, que se tornou o altar do negro”.
Seu Pedro, que acredita ser também bisneto de escravo, comemora o crescimento do congado na região: “Hoje é tudo misturado, negro, branco, mestiço, e é uma das festas mais bonitas e religiosas que tem. Pra todo lado que a gente vai, é aquele louvor a Nossa Senhora, São Benedito, Santa Efigênia”.
Este ano, pela primeira vez, o cortejo contou também com a presença da imagem do Bom Pastor.
A festa prossegue amanhã, 10 de julho, feriado municipal. De 8 às 11 horas, as 19 guardas de Abaeté realizarão visita à Casa Paroquial Bom Pastor, Prefeitura Municipal, Vila Vicentina e casa dos devotos.
De 13 às 17 horas, haverá Veneração dos Mastros, agradecimentos aos festeiros de 2017, Princesa Isabel, Sinhá Condessa, devotos e comunidade.
Ás 17 horas, todos estão convidados para a celebração da Santa Missa de encerramento da Festa 2017, seguida da passagem das Coroas e descimento dos Mastros.
Confira outras fotos da procissão de domingo:
Fotos Christiane Ribeiro